Como não se repetir os bloqueios judiciais ao WhatsApp?

Por Maria Inês Dolci

Como não sermos surpreendidos por nova decisão judicial suspendendo os serviços de aplicativos? Para debater saídas para evitar que o bloqueio judicial dos serviços de aplicativos, como ocorreu já duas vezes com o whatsApp, participei de audiência na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara Federal, hoje.

Apesar de reconhecer a importância de cooperação na luta contra o crime organizado é fundamental que nesse embate entre a preservação da privacidade individual e a segurança pública, não se prejudique os milhões de brasileiros. Eles não podem ficar impedidos de trocar mensagens instantâneas, que hoje desempenham um papel fundamental na comunicação da sociedade.

A Proteste apoia a discussão de uma legislação mundial, a cargo do Projeto Internet e Jurisdição, que reúne 100 entidades ligadas à questão – dentre elas, Facebook, Google, Parlamento Europeu e Ministério Público Federal brasileiro. O ideal é obter consenso sobre os direitos digitais universais, em similaridade aos direitos humanos.

A proposta da Associação é a criação de uma comissão especial para avaliar situações como a que originou o bloqueio do aplicativo, em maio último e em dezembro do ano passado. A decisão de suspensão teria de ser tomada por um colegiado, formado por mais integrantes do Judiciário e por representante da sociedade civil. Esse representante deveria ser o Comitê Gestor da Internet, que funcionaria como um consultor especial para avaliação dos casos judiciais que envolvessem quebra de sigilo de dados.

O provedor do aplicativo seria chamado para se explicar no comitê especial, antes de sofrer qualquer sanção. O Comitê Gestor da Internet seria o representante da sociedade nessa comissão especial devido ao que está definido no Marco Civil.