Guilhotina rotativa no cartão de crédito

Por Maria Inês Dolci

Para quem tinha alguma dúvida sobre o drama do superendividamento, o Relatório de Inclusão Financeira do Banco Central expôs uma triste realidade: no final de 2014, quase metade dos brasileiros com dívida no rotativo do cartão de crédito tinha renda mensal de até três salários mínimos. Hoje, portanto, de até R$ 2.364,00.

Os juros do rotativo atingiram, recentemente, 414% ao ano, percentual difícil até de imaginar.

É lastimável que, nos últimos anos, estes cidadãos tenham sido estimulados a se endividar de todas as formas.

Em julho último, por exemplo, o governo federal elevou o limite do crédito consignado (aquele cujas parcelas são abatidas diretamente da folha de pagamento) de 30% para 35%.

Mais crédito não significa aumento de renda, e sim de endividamento. Rotativo de cartão de crédito é uma porta aberta para destruição do orçamento doméstico. Esperemos que, com a inclusão de medidas contra o superendividamento no Código de Defesa do Consumidor (práticas de crédito responsável, educação financeira e repactuação de dívidas) essa ameaça seja reduzida.