Quem está endividado, não pode perder tempo. As taxas de juros e o custo de vida continuam em alta, e a economia padece de um crescimento anêmico, frágil como chama de vela ao vento.
Já começou, também, a temporada de tarifaços de energia elétrica – no Rio Grande do Sul, por exemplo, foi autorizado reajuste nas contas de até 29%.
A combinação de baixo crescimento com produtos e serviços mais caros é conhecida como estagflação (estagnação + inflação). Definitivamente, não é a hora de ter dívidas.
Um dos imãs do endividamento é não fazer um bom orçamento. Quem não planeja o quanto pode (ou deve) gastar de sua renda, quase certamente ultrapassa o sinal vermelho financeiro.
Já se foram o Natal, o Ano-Novo, as férias, o carnaval e a Páscoa. Sim, ainda há datas comemorativas com forte apelo comercial – como os dias das Mães e dos Namorados. Mas, a essa altura, já acertamos as contas com a prefeitura (Imposto Territorial e Predial Urbano – IPTU) e com o governo estadual (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA).
Os filhos voltaram às aulas e o material escolar, livros e uniformes também desfalcaram nosso bolso. Além disso, estamos quase no final do prazo para entregar a declaração de Imposto de Renda, alegrando o governo federal. Sem dúvida, isso marca um novo período do ano.
Daqui para frente, será possível divisar melhor como ficaremos em termos profissionais e financeiros. É mais do que hora, então, de fazer as contas caberem no salário e no mês.
Não, não é nada fácil esta tarefa. A renda é comportada, limitada, sem grandes surpresas positivas.
Os boletos, contudo, parecem ter o dom da multiplicação. Despesas extras bagunçam qualquer previsão orçamentária. A não ser que sejamos tão honestos, que coloquemos também os imprevistos na coluna de débitos.
Viver sem algum dinheiro guardado para os dias de chuva é um grande risco. Situações extremamente desagradáveis e dispendiosas, como doenças, desemprego e acidentes fazem parte da vida. Ora, se surgem periodicamente, não podemos considerá-las improváveis.
É comum ouvirmos que “quem trabalha muito tem todo o direito de gastar e de satisfazer desejos de consumo”. A questão não é se merecemos, e sim se podemos. E, além disso, se devemos comprar algo que não seja urgente nem indispensável enquanto a receita anda curta.
Faça, então, um levantamento minucioso do dinheiro que entra e do que sai. Mapeie suas dívidas. Tente cortar despesas para que sobre algum para diminuir os débitos.
Também é possível e desejável mudar o perfil do endividamento. Explico: se você utilizou o rotativo do cartão de crédito, está ameaçado de superendividamento.
Há linhas de crédito com juros muito mais baixos, para quitar a dívida no cartão e pagar menos mensalmente.
De nada adiantará, entretanto, fazer um empréstimo em melhores condições se o a gastança continuar.
Caso você não resista a uma liquidação, saia de casa sem cartão de crédito e talão de cheques. Não confunda supermercado com um parque de diversões – ao fazer compras, tenha em mãos uma lista detalhada, para não sucumbir às ofertas e promoções.
Isso não significa abdicar dos confortos que melhoram nosso cotidiano. Adiar uma compra não é sinônimo de desistir daquele sonho. Será apenas um tempo até que nossas finanças estejam novamente no azul.
Até porque é possível negociar descontos se juntarmos dinheiro para pagar à vista. E conta já paga não se transforma em dívida.
Esses cuidados não podem ser confundidos com pão-durismo. Simplesmente teremos mais tranquilidade, pois é até difícil dormir bem quando as contas se acumulam e não há como quitá-las.
Vamos valorizar mais, portanto, o resultado de nosso trabalho.