A venda dos dados pessoais de quase metade da população da Coreia do Sul é um alerta para os riscos inerentes ao uso dos cartões de crédito. Afinal, a sociedade sul-coreana já é desenvolvida, depois de décadas de investimento em educação e pesquisa. Mesmo assim, o roubo de informações superou qualquer limite, atingindo também a presidente do país, Park Geun-hye, e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon. Ou seja, o golpe foi amplo, geral e irrestrito.
As três operadoras sul-coreanas envolvidas no caso se comprometeram a indenizar os clientes que tiverem perdas financeiras. No Brasil, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) estabelece a responsabilidade da empresa, nos casos comprovados de fraude com o cartão.
Não vamos nos enganar: o dinheiro em espécie e os cheques são meios de pagamento cada vez mais específicos. Os cartões vieram para ficar, e tendem a conquistar mais mercado e clientes. É fundamental redobrar a cautela nas compras on-line, pois é nessa situação que os bandidos roubam dados.
Por outro lado, os golpes são ameaças iminentes em qualquer lugar do mundo, porque criminosos virtuais se dedicam a furar as normas de segurança de programas de computadores para obter vantagens financeiras.
Em termos de comércio eletrônico, este é mais um motivo para acelerar a aprovação do Marco Civil da Internet, discutido há vários anos no Congresso Nacional, até agora não votado.
O tema, a propósito, consta do artigo 3º, que se refere à proteção dos dados pessoais.
Talvez, no futuro, seja necessário avançar em legislação específica para crimes como o ocorrido na Coreia do Sul, e nos Estados Unidos no final do ano passado, com estabelecimento de penalidades que desencorajem os golpistas. Mas, antes de tudo, o Marco Civil tem de virar lei.
Além disso, o consumidor deve ficar atento. Bandidos usam dados bancários de terceiros para fazer compras e cometer crimes. Basta, em muitos casos, ter os números do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e o da Carteira de Identidade (RG).
Os chips dos cartões tendem a reduzir as fraudes nas maquininhas, mas ainda assim o ideal é acompanhar a operação.
Algumas dicas tornam mais seguro o uso de cartão:
- Leia atentamente os contratos firmados com as administradoras e, se houver dúvidas, esclareça-as antes de começar a utilizá-los;
- Não divulgue por telefone seus dados bancários nem os números dos cartões;
- Faça compras virtuais apenas em sites seguros e reconhecidos;
- Não os empreste a terceiros;
- Não envie por e-mail dados bancários;
- Não aceite cobranças diferenciadas no comércio. Cartão é igual a dinheiro em espécie e a cheques;
- Guarde-os em locais seguros, preferencialmente a que só você tenha acesso;
- Consulte os extratos frequentemente, para identificar eventuais lançamentos indevidos;
- Se isso ocorrer, entre em contato com a administradora;
- Lembre-se de que, para uso do cartão no exterior, será cobrado Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6,38% nas transações realizadas;
- O crédito rotativo poderá inviabilizar o pagamento das faturas. Quite-as à vista e só as parcele se sobre elas não incidir juro;
- Cartão não é uma forma de financiamento nem de aumento da renda, e sim uma comodidade que evita o uso de dinheiro em espécie. Controle seus gastos.
Não somente as administradoras de cartões de crédito e os consumidores, mas também as autoridades têm de se envolver nesta discussão, para evitar prejuízos bilionários. Sabemos, contudo, que a cada novo item de segurança, surge mais uma esperteza dos criminosos.
O que houve na Coreia do Sul foi um aviso para todo o mundo, inclusive para o Brasil. Segredo é aquilo que ninguém sabe. Privacidade é um dos artigos mais preciosos da atualidade.