Um sorriso para a higiene dos bares e restaurantes

Por Maria Inês Dolci

Até novembro, os restaurantes brasileiros das cidades que sediarão jogos da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, deverão  ser classificados de acordo com a higiene. Os estabelecimentos receberão notas, ou outra forma de avaliação, que anteciparão, aos consumidores, o que encontrarão naquele lugar, em termos de limpeza e conservação dos alimentos, por exemplo.

Será um avanço de grandes proporções, pois não temos, hoje, certeza absoluta de que estejamos consumindo comida e bebida que foi comprada, armazenada, manipulada, preparada, servida e conservada de acordo com padrões internacionais de higiene.

Um dos modelos que poderia servir de base à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), será apresentado nesta quarta-feira, dia 4, em Campinas, no XI Seminário Internacional Proteste de Defesa do Consumidor, por Gitte Sørensen, diretora de Projeto Alimentar da TÆNK, entidade de defesa do consumidor da Dinamarca.

É um sistema de carinhas sorridentes (smiley), atribuído a lojas, restaurantes, cafés, bares e outros locais que vendem alimentos, em função do atendimento a normas alimentares. O cliente confere a “carinha” antes de entrar no local.

Esse programa, além de prevenir doenças, alinha-se ao direito à informação, uma das bases de todas as legislações que protegem os cidadãos, como o brasileiro Código de Defesa do Consumidor (CDC).

Há outras experiências internacionais que a Anvisa deve ter avaliado, como as de Nova York e da Nova Zelândia.

Não podemos mais “comer gato por lebre”. Muitas das interdições ocorrem após relatos de problemas intestinais de clientes de estabelecimentos.  Numa blitz pode se comprovar irregularidades, que vão da temperatura inadequada de geladeiras e de freezers, presença de insetos e de roedores, sujeira, uso de recipientes inadequados para guardar alimentos, funcionários sem equipamentos de proteção (luvas, toucas, sapatos fechados, blusas com manga e aventais), panelas com restos de comida etc.

No sistema dinamarquês, há inspeções periódicas, para verificar se os problemas encontrados nas  vistorias anteriores foram corrigidos. Esse controle faz toda a diferença. Não adianta simplesmente reagir a denúncias nem fazer blitz ocasionais. O mais importante é avaliar constantemente os estabelecimentos.

E partilhar a avaliação (por pontos, estrelas, carinhas etc.) , na entrada do local e nos sites dos restaurantes e bares. Assim, quando o cliente potencial fizer uma busca na Internet, além de se informar sobre endereço, horários, cardápio, preços e atrações, saberá também como estão a higiene e limpeza no local.

Esperamos, evidentemente, que a proposta de instalar este controle nas cidades-sede da Copa de 2014 seja somente o primeiro passo de um amplo programa, que englobe todos os municípios brasileiros.

A segurança alimentar é fundamental para evitar doenças e manter a saúde. São relativamente comuns as infecções alimentares provocadas pela falta de higiene dos produtos, sua manipulação ou conservação.

Os consumidores podem e devem colaborar com as autoridades sanitárias, ficando atentos a aspectos bem evidentes de higiene, como limpeza do chão, mesa, cadeiras e talheres do estabelecimento. Visitar a cozinha é outra boa maneira de evitar dissabores.

Se o sabor, cheiro ou aspecto do alimento parecer estranho, reclame com o garçom ou com o gerente da empresa. Por mais desagradável que seja fazer isso, é bem melhor do que correr riscos de doenças.

A constatação de qualquer problema também deve ser comunicada à vigilância sanitária mais próxima. Tal providência ajudará a evitar consequências negativas a milhares de pessoas.

Alimentação saudável é uma das bases para redução da incidência de doenças, ao lado da prática de exercícios físicos, do fim do tabagismo e da moderação no consumo de álcool. É essencial, portanto, assegurar sua qualidade.