Ninguém desconhece que a economia brasileira esteja andando de lado. A inflação voltou a incomodar, obviamente sem qualquer semelhança com o período em que seus percentuais eram obscenamente elevados.
Ainda assim, caiu a confiança do consumidor e já há temor de que se repita, este ano, a história de 2012: previsões de crescimento de 3% a 4% que se transformam em menos de 1%. Por enquanto, ainda se espera algo em torno de 2%.
Mas de que forma essa sopa de números se relaciona à vida do consumidor? Bem, os aumentos de preços reduzem a renda disponível para consumo.
Primeiramente, cortamos os supérfluos. Depois, somos obrigados a controlar até gastos mais essenciais.
É o que as famílias de classe média baixa têm feito, por exemplo, nas compras de alimentos nos supermercados e nas feiras. Agora, o vilão não é mais o tomate, é o feijão, alimento essencial à dieta do brasileiro.
O que se pode recomendar, então, é uma mistura de cautela com paciência.
Cautela no sentido de evitar dívidas e de não assumir compromissos financeiros com altos juros. O ideal é comprar à vista ou em poucas parcelas, em que não haja acréscimo no valor total.
Se já estiver devendo, renegocie em melhores condições. Tente, se possível, quitar ou amortizar o valor devido, mesmo que tenha de apertar o cinto.
Adiar uma aquisição não urgente também é recomendável, a fim de não comprometer percentual muito elevado do salário ou renda com prestações.
Quem teve redução de salário ou perda de emprego, evidentemente, será obrigado a recorrer, se tiver, ao dinheiro poupado ao longo do tempo. É por isso que uma música dos Beatles cita a expressão ‘saving up your money for a rainy day”, guardando dinheiro para dias difíceis. Ou contará, também se possível, com a solidariedade de familiares ou amigos, além do seguro-desemprego.
Se for necessário, nós poderemos, sim, viver sem tantos telefones celulares e smartphones, idas a restaurantes e bares, roupas novas e viagens. Tudo isso é muito bom, desde que tenhamos condições de bancar com nossos vencimentos.
Dificuldades financeiras não são o fim do mundo, que, aliás, nunca acaba em datas previamente marcadas.
A paciência a que me referi alguns parágrafos acima é justamente suportar da melhor maneira um período de contração dos gastos. Sentiremos a perda, claro, mas há que esperar dias melhores. As crise pessoais e as coletivas são passageiras, salvo exceções.
A boa notícia em meio a esse quadro de apreensão é que não há estimativas de aumento significativo do desemprego. Isso alivia a situação geral, embora possa haver problemas em algumas regiões ou em segmentos econômicos.
A economia brasileira é uma das maiores do mundo e muito diversificada. Sofre as consequências da crise mundial e de uma sucessão de ‘barbeiragens’ das autoridades.
A torcida é para que consigamos fechar 2013 com um viés de recuperação, que se consolide em 2014. Como é um ano eleitoral, certamente os governantes tentarão evitar um cenário de deterioração econômica. Se conseguirão, é algo que só saberemos no decorrer do tempo.
Então, façamos o que está ao nosso alcance: quem tiver mais condições, poupar para constituir um colchão de proteção contra crises; quem já estiver no meio do vendaval, controlar gastos e renegociar os débitos.
Começa a surgir, com a mobilização dos brasileiros em prol dos seus direitos, a expectativa de que os governos reduzam suas despesas e abram espaço para um corte dos tributos, algo que teria efeito positivo mais duradouro em nossa economia.
É tendência inevitável, embora os gastadores oficiais prefiram qualquer coisa a reduzir o desperdício público. Premidos pela cobrança de melhores serviços de saúde, educação, transporte e segurança, terão de aprender a administrar o nosso dinheiro com mais eficiência.
O dia em que isso ocorrer talvez não haja uma montanha-russa econômica. Ficarei feliz, então, ao escolher outros temas para abordar, com mais componentes otimistas. Isso, aliás, já é uma boa dose de otimismo.