A internet 3G funciona mal, devagar quase parando. Vão resolver? Não, estão lançando a tecnologia 4G.
Tem jeito de enganação, tem cheiro de enganação, tem gosto de enganação. Será enganação?
De olho nas vendas para o Dia das Mães, a publicidade está por toda parte. A quarta geração da telefonia móvel está chegando, embora a anterior ainda não tenha cumprido aquilo a que se propunha.
Boa notícia, não?
Isso depende de como funcionará (ou não funcionará).
Para ingressar no curso superior, é necessário estudar e ser aprovado nos cursos fundamental e médio.
Se as conexões 3G ainda claudicam, por que deveríamos esperar sucesso da 4G?
Os serviços de telecomunicações são muito ruins.
Faltam antenas. O próprio presidente de uma das teles admitiu que nova tecnologia entraria em funcionamento utilizando as antenas já disponíveis e na frequência de 2,5 Giga-hertz, deficiente em ambientes internos.
A Fifa (Federação Internacional de Futebol) afirmou, recentemente, temer um ‘blecaute’ das comunicações durante a Copa das Confederações, de 15 a 30 de junho próximo.
Há 4.000 jornalistas de todo o mundo credenciados para cobrir esta competição no Brasil, que terão de enviar textos e imagens em alta velocidade para seus países de origem.
Sem ser pessimista, é difícil acreditar que a nova tecnologia seja, rapidamente, melhor do que a 3G, que até hoje não conseguiu cumprir o esperado pelos consumidores.
Vender um produto ou serviço e não entregar o que está previsto em contrato tem um nome: propaganda enganosa. Ainda mais quando se trata de uma tecnologia já utilizada com sucesso em outros países.
Há uma série de questões sem resposta, sobre preços, amplitude dos serviços, velocidade real (não a que conste do contrato ou da publicidade da operadora) de acesso à internet.
Além disso, por que não, se o sinal será firme e forte em qualquer lugar, uma vez que o, agora,velho 3G ainda falha em bairros de São Paulo, a maior e mais importante cidade brasileira, quanto mais em lugarejos distantes, mas com igual direito a um bom serviço.
Seria tão bom para as relações de consumo, a cidadania e o respeito ao Código de Defesa do Consumidor (CDC) que advento da 4G marcasse uma nova era, em que prometido e cumprido fossem muito próximos. Gostaria de dizer que confio nisso, mas não posso mentir.
Também não engulo a lenga-lenga das antenas. Ora, se havia problemas jurídicos e ambientais, que os resolvessem antes de lançar os novos pacotes. Ah, mas existe o compromisso de fornecer telecomunicações supimpas para os eventos esportivos internacionais.
Pois é, mas colocar o bloco na rua não significa fazer um bom carnaval. Haja vista os rankings de reclamações dos consumidores, liderados pelas teles. Inaugurar, oferecer, cobrar; beleza. Fazer bem já é outra história.
É por isso que, parodiando um velho comercial de televisão, parece, mas não é. Só que não estamos falando de um xampu, e sim de um serviço básico, essencial aos negócios, à comunicação e ao lazer.
Nesses detalhes, vamos nos distanciando dos países que competem com o Brasil pelos mesmos mercados. Desenvolvimento com acesso à web a passos de tartaruga, enquanto enfrentamos lebres velozes, é muito mais difícil.
Quanto tempo ainda teremos de esperar para receber retorno adequado de uma das telecomunicações mais caras do mundo?
Confesso que não sei a resposta. Talvez governo e companhias também não saibam. Por que repetir sempre os mesmos erros, se há tantos erros novos para cometer, perguntava o lendário primeiro-ministro britânico Winston Churchill.
Vamos acompanhar atentamente a implantação da quarta geração de telefonia móvel.
Não podemos mais aceitar pagar muito caro por uma tecnologia que prometa mundos e fundos, mas que, salvo impactantes mudanças, não chegue nem perto da eficiência.
Alô Anatel, alô Ministério das Comunicações: a bola também está com vocês.