Antes de comprar um imóvel

Por Folha

Jovens que brilham no mercado de trabalho, egressos das universidades, cursos de pós-graduação e MBA; pessoas que foram bem-sucedidas em concursos públicos; empreendedores cujos negócios começaram a decolar. Há vários perfis de pessoas que procuram imóveis nas grandes cidades brasileiros.

Poderíamos acrescentar, também, os de sempre: os que programaram casamento para os próximos meses; famílias que aumentarão com a chegada de um bebê e os que mudam de casa para apartamento, ou de uma ampla residência para uma menor, em função de idade e de segurança.

Esse é um mercado muito aquecido, porque há carência de milhões de unidades, e grandes investimentos públicos e privados, devido aos efeitos da construção civil na geração de vagas de emprego.

O cenário é esse. Digamos, então, que você pretenda comprar uma unidade habitacional e que já tenha feito as primeiras lições– levantar seus recursos financeiros, como poupança, investimentos e fundo de garantia; analisar criteriosamente o orçamento mensal, para identificar quanto sobraria para pagar as prestações; avaliar os bairros nos quais gostaria de viver, e as ofertas nestas regiões.

Nessa etapa, você, portanto, já sabe em que tipo de construção pretende morar, quanto custa em média nos locais que mais lhe agradaram e qual o preço viável para seu bolso.

Não se esqueça, contudo, de que há outros custos inclusos nestes negócios– os de cartório, por exemplo, são muito salgados. Além disso, depois de se mudar, terá de mobiliar o novo lar (mesmo que já tenha móveis, alguns não serão adequados ao espaço, e os armários costumam ser embutidos).

A taxa condominial será permanente. Em um imóvel usado, principalmente se a construção for mais antiga, elevadores, por exemplo, tenderão a sofrer reparos constantes, e isso inflará os custos dos condôminos.

Nem sempre o comprador consegue adquirir moradia com várias vagas na garagem. Se houver um ou dois veículos a mais, será necessário alugar espaço nas imediações do novo endereço.

Às vezes, a mudança implica viagens diárias de ônibus, metrô e táxi. É o caso de quem morava ao lado do escritório, pagando aluguel, e irá para mais longe.

Residir não significa, somente, estacionar o carro e subir para o seu andar. Padarias, farmácias, bancas de revistas, supermercados, açougues, prestadores de serviços (como os que reparam computadores) devem estar próximos.

Em São Paulo, mais até do que em outras metrópoles, é fundamental simular viagens de ida e volta ao trabalho, a fim de constatar quanto tempo o trajeto consome. Além disso, não se esqueça de que, no verão, a combinação de altas temperaturas com a impermeabilização da cidade (concretos dos prédios e pistas de asfalto) e o descarte de lixo em riachos geram enchentes, problema que, entra e sai governo, nem de longe é resolvido.

Cuidado, portanto, porque a aparente pechincha no valor do apartamento talvez ocorra por que o local seja micado, sujeito a alagamentos constantes entre dezembro e março.

Uma caminhada rápida pelo bairro também permitirá localizar hospitais, clínicas e outras instituições de saúde. Em uma emergência – ou mesmo para exames indispensáveis de rotina – é melhor estar a algumas quadras, a pé, de um centro médico.

Por último, mas não menos importante, o lazer perto de casa faz toda a diferença. É por isso que shoppings em um raio de um ou dois quilômetros valorizam um imóvel. A possibilidade de passear, fazer compras, ir ao cinema e a uma praça de alimentação sem usar carro ou transporte coletivo é um ganho em qualidade de vida. Praças e academias de ginástica, vitais para a prática de exercícios, compõem esse quadro.

Antes de assinar o contrato, um último lembrete: não conte com o prazo de entrega, exceto se a construção estiver pronta. Sempre há atrasos. Então, considere mais seis meses ou um ano em seus planos de mudança.