Festa e emoção

Por FABIANA FUTEMA

Hoje, não é dia de problemas nas relações de consumo. Muito menos de criticar, exigir, cobrar, indicar ações ou providências. É dia de pensar no milagre do amor, da confraternização, do congraçamento entre pessoas de todo o mundo.

Gostaria que houvesse um Papai Noel que falasse todos os idiomas, que representasse todas as raças e nações, e que trouxesse alguns presentes indispensáveis para a humanidade: compreensão, boa vontade, solidariedade e paz.

Além disso, que não tivéssemos de ter muito para ser felizes. Que déssemos mais valor à vida, à saúde e à amizade.

Ao longo deste ano, tratamos de temas vinculados às necessidades de todos nós. Compramos roupas, remédios, alimentos, livros e brinquedos. Pagamos para nos locomover, nos divertir e ter mais segurança.

Despendemos muito dinheiro para nos comunicar, por meio de dispositivos modernos e cada vez mais presentes nos lares, nos escritórios e nas ruas.

Muitos de nós trocamos de automóvel, de laptop, de tablet e de casa. Disfarçamos o avanço do tempo com cosméticos variados. Nós nos perfumamos e usamos artifícios para nos sentir melhor.

Medicamentos combatem nossas doenças. Malhamos nas academias para ficar em forma e suportar com galhardia a soma de trabalho, estudo e compromissos com a família, amigos e colegas.

Alguns de nós têm jornadas de trabalho que superam 10 horas diárias. Outros passam parte de seus dias chegando e partindo em voos concorridos, com menos lanches, mais atrasos e inconvenientes diversos.

Há os que são abatidos pela violência dos criminosos profissionais, ou dos motoristas que abusam do álcool.

Enquanto uns lotam os shoppings em busca de felicidade, outros fazem malabarismo nos semáforos para ter o que comer.

As realidades são muitas, na verdade controversas, pois há excesso de caminhos e poucos destinos.

O recado deste Natal, então, é singelo e até pueril: temos todo o direito ao conforto, ao lazer e à segurança. Isso é próprio de nossas vidas. Estudamos e trabalhamos muito para desfrutar destes benefícios.

Mas as coisas materiais não esgotam o sentido da vida. Há muito mais do que isso, sejamos religiosos ou não. O ser humano é sempre importante, inclusive aqueles que nos pareçam distantes ou incompreensíveis.

Ninguém é irrelevante. Cada um de nós tem um sopro diferente, único, importante e fundamental para este planeta, para a história das pessoas, para mudar as tristes realidades.

Fechar os olhos para essas conclusões é passar por cima do conceito de irmandade universal.

Além de consumir coisas, temos de ajudar o mundo a se tornar mais humano, mais seguro e, também, mais divertido.

De todos os festejos que reúnem familiares e amigos, certamente o Natal é especial, pelas mensagens que representa, fazendo-nos pensar nelas, pelo menos uma vez por ano.

Não importa se você considera Cristo um líder religioso, o filho de Deus ou um filósofo do amor incondicional.

O congraçamento em torno de uma mesa, a troca de presentes, os abraços e os reencontros não devem ser vistos somente como mais uma etapa do ano. São fundamentais para recarregar nossas baterias sentimentais e emocionais.

Não nos tornamos melhores, evidentemente, somente pela data. Mas ganhamos uma nova oportunidade para pensar em objetivos mais nobres.

A paz, a harmonia, a esperança estão presentes, então, nesta noite mais do que em outras. Vamos aproveitar e definir novas metas como seres humanos.

Se todas estas palavras parecerem sonhos vagos, inatingíveis, lembro o que disse o poeta Mário Quintana, sobre as utopias, em ‘Espelho Mágico’:

“Se as coisas são inatingíveis… ora!

Não é motivo para não querê-las…

Que tristes caminhos, se não fora,

A presença distante das estrelas!”.

É preciso dizer mais alguma coisa?

Então, Feliz Natal!